NOlympics LA e o caminho para 2028: Uma plataforma para mudar o discurso e vencer
A Coalizão NOlympics LA está mudando o discurso sobre as Olímpiadas de 2028 em Los Angeles porque os Jogos destroem comunidades e matam as cidades. Não importa quão “bem sucedida” seja sua execução, estes “Jogos” irão expor milhares de angelinos e angelinas a riscos incalculáveis e alimentarão os problemas que já estão devastando e destruindo o tecido de nossas comunidades, privando-nos de recursos que serão necessários para melhorar nossa cidade. Nosso objetivo segue sendo barrar as Olimpíadas.
Apesar do Comitê Olímpico Internacional (COI) haver escolhido Los Angeles como a sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2028, a luta continua. Tanto o prefeito, como a câmara municipal e o comitê organizador foram cúmplices nesta farsa. Aceitaram a proposta do COI baseada na falsa premissa de “melhorar a vida” dos residentes de Los Angeles, usando o desenvolvimento dos esportes juvenis como curativo para nossa crise urbana. Mas para as comunidades e ativistas de Los Angeles, a conversa só está começando. A idéia de que “Los Angeles vai ser sede das Olimpíadas, de uma maneira ou de outra” não é necessariamente verdade, já que restam muitas oportunidades para intervir ou barrar os Jogos por completo.
Como a Coalizão NOlympics LA antecipou, a controversa candidatura para 2028 foi levada a cabo de maneira apressada e profundamente anti-democrática, considerando somente as vozes e interesses de um grupo reduzido de poderosos que se beneficiam diretamente das Olimpíadas, sem assumir risco algum. Foi um processo descuidado, prejudicial e paternalista que buscou silenciar as vozes do povo de Los Angeles, apesar das graves preocupações e da enormidade de perguntas ainda sem resposta.
Queremos inverter essa lógica anti-democrática e pró-capitalista que domina a política local e que caracteriza a era de Eric Garcetti (prefeito de Los Angeles desde 2013), enquanto ele tenta se utilizar do Cavalo de Tróia das Olimpíadas para alimentar suas próprias ambições políticas e dar as chaves da cidade aos especuladores imobiliários e às empresas.
De agora em diante, NOlympics LA quer desatar o nó da rede de ganância anti-democrática que motiva a candidatura, a câmara municipal, o prefeito e o COI. Não concordamos com a decisão de colocar nossas comunidades já vulneráveis em um risco ainda maior de morte, despejos, deportações e detenções. Grande parte dos nossos esforços continuados vão na direção oposta à candidatura de 2028, nos comprometendo com os angelinos e angelinas de maneira deliberada, respeitosa e de boa fé.
Seguiremos lutando com unhas e dentes por uma Los Angeles melhor, e usaremos as Olimpíadas para expor as urgentes questões que já enfrentamos. Não deixaremos que a elite decida o futuro de nossa cidade.
Nossa Coalizão tem poder. E ele não provém de reuniões secretas nem processos opacos. Nosso poder é popular, coletivo e demonstrado de forma transparente, e por isso vamos seguir em diálogo, com comunidades por toda Los Angeles, sobre as Olimpíadas e como os problemas já existentes serão exacerbados, caso a cidade venha realmente sediar os Jogos.
Enquanto construímos e estreitamos as relações e o poder popular necessário para barrar os Jogos, através de uma série de táticas e campanhas (que também incluem construir relações nos âmbitos nacional e transnacional), também seguiremos trabalhando para construir uma cidade diferente, uma Los Angeles com melhores condições materiais para todos e todas aqueles que estão marginalizados e em situação de vulnerabilidade. Temos a firme intenção de barrar os Jogos mas também, no processo, queremos reimaginar Los Angeles como um lugar que jamais estaria disposto a sediar novamente uma catástrofe como as Olimpíadas. A medida em que avançamos, nossa Coalizão concentrará esforços nos seguintes pontos, que serão aprofundados em campanhas, ações e eventos futuros:
1. Insistir em Casas, Não Jogos
Os Jogos Olímpicos aceleraram a gentrificação e os despejos em todas as cidades que sediaram os jogos modernos, e Los Angeles já vive uma crise de moradia. A história mostra que as Olimpíadas aumentarão a já crescente população em situação de rua (hoje, ao redor de 60 mil pessoas, a maior dos EUA), mas a câmara municipal e o prefeito não fizeram nada para responder à essa questão. Ignoraram nossa preocupação, apostando na hipótese de que Los Angeles terá “cuidado” dessa crise até 2028, ou que os Jogos inspirarão alguém a fazê-lo. Ainda que barrar as Olimpíadas por si só não resolverá o problema, nos negamos a deixar que nossa cidade sedie um espetáculo dessa magnitude enquanto tantas pessoas não possuam moradia segura e acesso igualitário à vida urbana e seus processos.
2. Por fim à militarização da policia + repensar radicalmente a policia como instituição
Da perspectiva da segurança e da atuação policial, as Olimpíadas ameaçam algumas de nossas comunidades mais vulneráveis: migrantes, ex-detentos/as, trabalhadoras do sexo, pessoas em situação de rua, pessoas com deficiências, comunidades de baixa renda não-brancas, e muitas outras. Além disso, as Olimpíadas fomentam a criminalização da população em situação de rua e privatizam os espaços públicos. Em Los Angeles, os Jogos fortaleceriam o aparato militar e a coordenação, já existente, entre o ICE (Serviço de Migrações e Controle de Aduanas, agência federal estadunidense) e as agências locais via convocação de um Evento Especial de Segurança Nacional (NSSE – que coloca o Serviço Secreto estadunidense a cargo da coordenação da segurança do evento, em função do risco de terrorismo ou outras atividades criminosas) ou ainda, auxiliando no desenvolvimento de um programa de uso de drones. As Olimpíadas sempre ameaçaram exacerbar qualquer tensão racial ou social existente; dois exemplos óbvios são os Jogos de 1984 e seu impacto em acender as chamas dos distúrbios de 1992 ou assassinatos em massa ocorridos em 1968 na Cidade do México. Queremos usar nosso poder e influência para reimaginar a relação entre a polícia e a população, para todos/as angelinos/as.
3. Criar uma democracia local mais transparente e responsável
Queremos criar mais intervenções e fóruns para impulsionar a democracia em seus procedimentos, mesmo que os que estão no poder não tem apreço nem interesse pela noção de debate público. Faremos tudo o que for necessário para criar mecanismos democráticos de controle social de nossos dirigentes; e eles nos escutarão e sentirão nossa presença enquanto formos crescendo. Isso implica o estabelecimento de diálogos e relações tangíveis com angelinos e angelinas, de Long Beach ao Vale de San Fernando, de Claremont à costa, passando por uma diversidade incrível de comunidades, experiências e desafios – compromisso que nossos representantes eleitos parecem ter aversão.
O Comitê Organizador das Olimpíadas representa interesses econômicos privados que prestam contas a ninguém. Mas é dever de nossos representantes eleitos informar e educar a população acerca dos eminentes riscos, realizar consultas públicas e escutá-las. Faremos o nosso melhor, com toda sinceridade e boa fé, para comprometer a maior quantidade possível de pessoas nestes processos através de eventos, fóruns, consultas públicas, campanhas nas ruas ou por telefone, e nos aproveitar de qualquer oportunidade para abordar as preocupações e questões que esse Comitê Organizador nunca considerou.
Promoveremos esse diálogo com qualquer pessoa, onde e quando quer que seja,
Então, vamos conversar.